Reflexotramas & sementes

 

Reflexotrama & Sementes

Dia 11 de junho de 2021

Duração 3h 

Participações lindas de: Rossana Cilento, Silviane Lopes, Solange Soares, Christina Cupertino, Ruth de Oliveira, Glória Correia, Liduína Rodrigues, Maria de Fátima, Tereza Neuman, Vera Malaco, Ruth Vásquez, Taís (Tiide), Jair Soares Junior, Sandra Leite, Ana Paula Albuquerque, Cleuza, Manu Ebert, Dani Pizzato, Cristina Assis, Rute de Oliveira, Fernanda Amorim, Juliana Bolini, Mikka Wentz, Ana Lucia, Lucimar Mendes, Lucia Guaspari, Fernanda Fiorino, Andréa Dall’Olio, Ana Duarte, Patricia Brito, Eliete Gouveia, Sidônia Siqueira, Fernanda, Soraya Leite, Maria Roseni, Flora Cohen, Maria Parente, Marta Cunha, Rita Freita, Soraya Torres, Jeannine, Virgínia Fukuda e Parísina Ribeiro.

Foto Rossana Cilento


Fios-vida-tramas, entrelaços e pontas soltas, provocações.

Alexandre Heberte: leitura apresentação dos conceitos reflexotramas, tramarbolismo, tecitarmento, enerfio, molecucitura - texto lido: (pequena parte do Corpo-tecelão: produção conceitual):

      O que é o corpo-tecelão? É uma aglomeração de práticas que se formam no corpo de quem tece tecituras e reflexotramas: produz sujeito e objeto, trama experiências compartilhadas, linguagens e ninhos. O que se entende por tecelão vai além da sua clássica definição “sendo só aquele que tece pano ou trabalha no tear”. É aquele que se nutre das relações que nascem entre o corpo e os teares, ferramentas de trabalho, matérias-primas, técnicas do tecer, encontros na sala de aula, etc. É corpo que trabalha com todo o corpo, que recusa o trabalho solitário no ateliê e vai tecer nas ruas das cidades ou nas salas virtuais.

     Tramarbolismo é memória de alma e pele, de cheiros e toques, diz respeito ao conjunto de experiências da relação com a tecelagem manual e tramas experimentais que se acumulam, lenta e diariamente. Se inscreve no corpo quando o corpo se repara como tece (reflexotrama) os modos da autoperformatividade. Enquanto hobby a tecelagem serviu para me curar de fundo do poço, tecia sem pensar em nada. Tecer no escuro me ajudou ser diferente, ou no fundo, eu já era diferente.

     O que é reflexotramas e tecitarmento? Explico: reflexotramas é componente criado pelo corpo-tecelão para lidar com demandas. Envolve o trabalho de escuta, recuos, avanços e retrogradação; corpo que faz, desfaz, pensa, dá nós, desfaz nós, torna a pensar e se agencia a múltiplos trabalhos e compromissos. Basbaum contextualiza que “o reflexo não existe como cópia, vem a partir do outro”. Então, reflexotrama é também natureza das relações, feedbacks, respostas e questionamentos dos trabalhos desenvolvidos pelo corpo-tecelão, sobre as aparições do corpo, dos objetos tecidos expostos e como o corpo absorve e lida com tudo isso.

     Os escritos e pensamentos reflexotramas ajudam o corpo-tecelão criar tecitarmentos, fundamento necessário do corpo-tecelão para sua desterritorialização – uma dobra criativa sobre camadas estabelecidas do que pode ser a tecelagem. Tecitarmento é processo orgânico e lembra muito aquela sensação que temos ao sair do teatro, cinema ou exposição de arte, impactados, flutuando ou incomodados com a experiência. Alça o corpo-tecelão a uma condição auto-posicionante e auto referencial (Guattari). Fundamento para desfazer nós da subjetividade capitalista, que aprisiona outros corpos que tecem, robotizados na modelização imposta.

Praticar reflexotramas ativa os processos da molécucitura, que acontece no campo do tramarbolismo, como o ar que se respira, uma trama invisível entre-o-dentro-e-fora do corpo-tecelão, como um enerfio, cabo torcido de conexões de várias linhas que se ramificam para todos os lados, efeito gerador de forças que se instalam no corpo-tecelão, ainda difícil de explicar, mas sendo um processo, pode ser entendido como autocombustão de energia para fazer nascer aquilo que não existia, no tramarbolismo da experiência que se retroalimenta e cria condições para essa produção textual e produção de valor. Isto é, afirmar –se vivo na ambiência tecida nessa pele de corpo-tecelão.

     “Se viver significa aparecer é por que tudo aqui que vive tem uma pele, vive à flor da pele”, diz Emanuele Coccia, para ele pele e linguagem se entrelaçam em uma ligação profunda, diria ser relação de tempos imemoriais. Desde que peles de animais foram usadas como segunda pele e depois substituídas pelos tecidos manuais. Tempo que os homens organizam a linguagem e significado das imagens: das coisas visíveis, não visíveis e produzidas por ele. Então, o tecido manual é a forma criada e externalizada pelo corpo, são materialidade da subjetividade de qualquer pessoa que trame. Entretanto, cuidado para não cair no automatismo das ações. Tecer é como dirigir carro. Exige uma série de ações conjuntas que com o tempo se naturaliza no corpo, e o perigo está aí. Não saber mais para onde estar indo ou percorrer sempre o mesmo caminho.

     Existe um conhecimento anterior ao corpo-tecelão, que modela, norteia e oferece caminhos; essas tramas são substâncias imateriais, acessíveis a qualquer pessoa, que se predisponha a experiência do tecer. O corpo se conecta ao conhecimento imemorial. A matéria do aprendizado visível se conecta ao aprendizado invisível, se refaz. Se produz entre fronteiras e dobra-se nas texturas ficcionais atualizadas. A tecelagem ativada pelo corpo, acoplado a ferramenta/máquina tear. O tear-extensão-do-corpo-tecelão se transforma no dispositivo de suas múltiplas expressões. Essa movimentação do corpo-tecelão com o tear é o primeiro passo de iniciação. Toda familiarização com as técnicas apreendidas no corpo, ainda não garantem a produção de uma operação plástica, reflexiva e conceitual. O fio está solto. Então, como produzir sentindo nas dimensões material e conceitual?


Reflexotramas, por Rossana Cilento (pós live)    

Quando Alexandre nos convidou, Silviane Lopes e a mim para conhecermos e discutirmos novos conceitos criados por ele em um trabalho realizado no mestrado, que está cursando na UERJ, fui invadida por uma sensação de amplitude interna associada à percepção de possibilidades de expressão que o conhecimento proporciona num mundo novo que se apresenta e nesse contexto podemos e devemos assumir a cocriação desse mundo.

“O que é reflexotramas e tecitarmento? Explico: reflexotramas é componente criado pelo corpo-tecelão para lidar com demandas. Envolve o trabalho de escuta, recuos, avanços e retrogradação; corpo que faz, desfaz, pensa, dá nós, desfaz nós, torna a pensar e se agencia a múltiplos trabalhos e compromissos. Basbaum contextualiza que “o reflexo não existe como cópia, vem a partir do outro”. Então, reflexotrama é também natureza das relações, feedbacks, respostas e questionamentos dos trabalhos desenvolvidos pelo corpo-tecelão, sobre as aparições do corpo, dos objetos tecidos expostos e como o corpo absorve e lida com tudo isso”. Alexandre Heberte (2021)

 

 A partir dessa experiência ele nos propôs uma Live para a qual convidaríamos nossos amigos artistas para falarmos de nossas inquietações têxteis do momento.

Senti-me incluída em algo novo, em um movimento de tecer relações além da criação de objetos têxteis.

Para embasar nossa conversa, Alexandre enviou-nos alguns textos e vídeos, entre eles muito me impactou o vídeo de Grada Kilomba[1]: “Descolonizando o Conhecimento”. Ela nos mostra a importância do fazer, falar e publicitar como forma de conquistar território e pertencer. Ela apresenta uma performance sobre o estado de dor e exclusão das pessoas negras na história do mundo. Este modelo excludente, de mundo branco, europeu, masculino, me remeteu ao lugar da mulher tecelã, artesã, ignorada neste mundo. Enxerguei em Grada Kilomba, paixão e ousadia na determinação de ser um agente transformador do mundo, e o mesmo senti em relação ao potencial de nosso encontro Reflexo Tramas. Primeiramente pela criação ousada e apaixonada de Alexandre tanto nos trabalhos têxteis, como em seu modo de compartilhar seus saberes e conhecimentos e depois por ser um movimento ousado de escuta, a escutatória, como disse Rubem Alves, que envolve todas as pessoas presentes como coautoras da tecitura da trama afetiva do encontro, lançando uma semente de possível transformação de percepções, consciências e, portanto, ações.

“A aceitação do outro junto a nós na convivência, é o fundamento biológico do fenômeno social” e “sem amor, sem aceitação do outro junto a nós, não há socialização, e sem esta não há humanidade. ” Humberto Maturana.

Minha inquietação nesse momento, tecelã que sou há mais de 40 anos, é   a valorização do trabalho manual e têxtil.  Sentir e tecer já não me bastam, meu desafio agora é a pesquisa, o estudo, meu desejo é aprender como produzir conhecimento acadêmico a partir de mim, de uma vida, atualizá-los e compartilhá-los com o mundo da tecelagem manual. O corpo tecelão é um corpo que se cura, só é preciso aprender a falar sobre isso com fundamentos científicos.

Nosso encontro contou com 44 artistas, corpos que se colocaram presentes em seus momentos de fala; cada depoimento um fio único e precioso compartilhado com emoção, em total entrega e confiança para a escuta amorosa. A trama coletiva invisível que tecemos desde o primeiro instante em que o encontro foi sendo criado, nos envolveu a todos, foi como estar tecendo a vida entre pessoas apaixonadas, podendo sentir a criação que o ato de tecer proporciona. Experiência de tecer uma rede invisível, impalpável, que nos acolhe e nos potencializa quando nos entregamos à colaboração com o outro no ato de confiar no grupo, ser humano e atravessar junto a vida, afinal “todo ato de conhecer faz surgir um mundo” como nos recorda Humberto Maturana.

 

Reflexotramas, por Silviane Lopes 

     Encontro idealizado por Alexandre Heberte para tecer pensamentos e acessar nossos questionamentos. Como trabalhamos nossas camadas? Quais são as nossas dúvidas?

     Como mestrando da UERJ, nos apresenta sua pesquisa e nos convida a criar Tecitarmentos do Corpo tecelão e entender as Molecucituras,  termos que vem descrever esse sentir, fazer e viver imersos em fios e tramas experimentais. Uma grande honra para mim acompanhar de perto e estar nesse movimento que agrega e nos dá com diz o Alexandre “aquela sensação de quando visitamos uma exposição de arte” somos transformados pelas novas ideias, trama social que todo artista tece no seu entorno.

     Empolgada com essa provocação me veio o termo Afetocitura,  ligações invisíveis por amor aos Fios, as Artes e a Poesia, um tecido resistente que nos faz sentir “calor no peito”, como ouvi várias vezes nessa quarentena! Com a ajuda do digital, essas ligações se tornaram sem limites e urdiram momentos maravilhosos experenciado através dos meios digitais: Festival Fibra de Artista, 2020. Congresso de Artes Manuais na Academia, 2021, a belíssima revista e o mapeamento têxtil do Instituto Urdume. Foram exposições virtuais e lives que nos aproximaram dos trabalhos de artistas, aonde encontramos o sentimento de pertencimento que nos nutre a alma.

     Dentro do caminho que trilho a 25 anos, de amor à tecelagem e seu universo infinito de possibilidades, me sinto conectada a essa Árvore Genealógica Têxtil, um chamado para pesquisar técnicas dos povos originários, e como eles se entrelaçam, como uma linguagem fiada e tecida. A minha questão é: como criar ações para valorização e preservação desses conhecimentos ancestrais?

 Nas conversas que Alexandre, Rossana e eu fizemos no whatsap para organizar o encontro Reflexo Tramas de 11/06/21, recebemos vários textos que o Alexandre nos enviou como material de reflexão, no texto Autodescolonização - Jaider Esbell Makuxi[2] encontrei várias citações, definições que falam da conexão com a natureza e que ficaram como imagens na minha mente:

“Rastrear raízes profundas é um exercício que se faz quando se decide pela hora de enfrentar de fato as camadas de soterramento que a tentativa de apagamento depositou sobre os corpos coletivos”. “Percorrer o circuito entre a ancestralidade e a atualidade é navegar em águas revoltas” “Fenômenos de resistência são como olhos d’água”. Nessa última citação vejo a atuação do Alexandre, sempre nos chamando para criar a partir da liberdade, seu entusiasmo ao repassar seus processos, como um olho d’agua que encanta e inspira! 



Anotações afetivas, falas/questões suscitadas durante live. 

Rossana Cilento: provocação do voltar a estudar depois dos 60 anos. Os desafios da prática da leitura, dos esforços de eliminar bloqueios e desconstruir velhas crenças. 

Silviane Lopes nos provoca com a importância de pesquisar técnicas têxteis originárias. Dobrar o não saber e pesquisar as minúcias da produção tecida ao longo da história.  

Solange Soares costura leitura e sopra camadas do feminino na Grécia. Provoca a história. Diz: “as mulheres não ficavam só em casa”. Solange estuda o “mito da tecelagem e do tecido no mundo grego-romano” e a força da mulher com fio, linhas e agulhas na mão. (Ficamos de fazer uma live para ela nos contar mais sobre isso).  

Cris Cupertino: “era chato bordar”, pensou pela manhã. À tarde, abduzida pelo fio e linha, tramou-se de tecitarmentos... No corpo a subjetividade sensível das molecucituras em autocombustão, “autopoiese” – a vida ganhou novo rumo. 

Ruth de Oliveira: E quem não é tímido quando tem de falar em público? Um professor, que não sente frio na barriga antes de começar a interagir, deve estar anestesiado, com falta de estímulo. Ruth nos provoca com a pedagogia da liberdade, com as trocas possíveis, durante experiência do aprendizado (reflexotrama e tramarbolismo).  

Glória Correa: “O fio que une”, fio que cura, que organiza redes e sonhos. Glória também traz o retorno aos estudos (pedagogia transformadora das tramas experimentais, acrescento – eu aqui não paro de reflexotramar, risos). Como diz Silviane, são “afetocituras”.  

Liduina Rodrigues: Sabe essa coisa que o pensamento, pensa, imagina, deseja? A coisa se realiza, toma forma, os fios guiam e, quando você vê, os encontros acontecem! A provocação de Liduína é unir texto e trama. Sobrepor palavras e fios, achar suportes adequados, tecer livremente no bastidor do bordado, por exemplo.  

Maria de Fátima, linda Doutora, direto de Cachoeira na Bahia. Depois de anos dedicados às pesquisas, talvez uma vida descompromissada; provoca quais seriam outros modos de produção? Ainda relata interesse em pesquisar mais sobre as cestarias...  

Tereza Neuman apresenta relato lindo do seu tempo de infância, brincar de modelar barro não era coisa de menina. Quem disse? Quem pode nos dizer o que é certo ou errado? Quem está por trás dessas normas canônicas? Tereza divide conosco seus processos de criação e seu amor pela cerâmica e interesse de entrelaçar barro e fios.  

Vera Malaco já chega chegando, com sua frase: “sempre em busca, sempre perdida”, que eu amei muitooooo. Sua provocação é unir tessitura da música com as tecituras das tramas manuais.  

(Poesia, música, sonoridade, fio escrito, linhas melódicas, prosa.... Guardem isso!)  

Ruth Vasquez também nos provoca com sonoridade, as texturas dos fios que canta e encantam, riquezas do seu povo, memória da pele de infância, toda cultura ancestral (no corpo-tecelão, de quem tece, de quem vive na pele, de quem se deixa levar pelos tecitarmentos, pelo rebuliço das molecucituras, eu aqui com minhas reflexotramas, vocês aí com as de vocês...  

Há uma emoção na sala de zoom. Um desejo de unir arte e trasnversalizar conhecimentos. “Subjetividade do sensível”.  

Tais (Tiide), direto do México, descreve sua trajetória profissional e nos provoca sobre: como o fio pode ser transformador, linha de novos horizontes e recomeços.  

(Vale dizer que todas as pessoas citadas acima contaram sobre si, todos com o desafio de fazer isso em três minutos, risos). Muita gente linda junta e o lugar da escuta. Pilar necessário para acontecer reflexotramas, gerar tecitarmentos e provocar autocombustão das molecucituras.  

Jair Junior – Carmo do Rio Claro. Talvez sua maior provocação tenha sido como podemos fazer agenciamento entre o tradicional e o contemporâneo? Junior nos instigou pós pandemia fazermos algum evento na cidade de Carmo, um entrelaço de todos presencialmente, para promover encontro dos tecelões locais com novas ideias e dobras para o olhar sobre a tecelagem.

Conheci Carmo do Rio Claro, depois do primeiro trabalho que realizei para o estilista João Pimenta em dois mil e doze, acho. Fomos juntos até Carmo. A cidade tem uma importância muito grande na história dos tecidos manuais no Brasil, e naturalmente enfrenta os desafios de como resignificar esse papel na atualidade.  

Sandra Leite faz viagem ao Paraguai e volta com tear debaixo do braço, amo isso. Risos. Sandra chega com as mãos de Cora Coralina. A provocação dela é: tecer mais oralidades, libertar a poesia das tramas. Fazer “enerfio” – cadeia de redes de afeto a partir da palavra. Escrevo alto (penso alto, aqui).  

Parísina Ribeiro, o poder que os fios têm de unir, as pessoas, as histórias, os desejos, os corações, os fios que unem independente das técnicas, os fios estão sempre unindo. Seja uma trama reta ou circular, é o fio que promove os caminhos. Assim é a vida, as tramas se entrelaçam, é como o que está acontecendo aqui na rede, nesse nosso encontro virtual. Se fizermos um mapa de quem está aqui presente veremos bem isso acontecer no desenho dessa trama.  

Juliana Bollini – depois de tantos anos pesquisando e trabalhando com o papel, de volta ao Brasil, bem no começo da Pandemia, Bollini se viu diante encruzilhada: ceder ou não ao estado de depressão provocada peça situação; começa a evocar memórias a partir do toque com tecidos e fios, invoca lembranças das gerações de família que sempre trabalhou com tecidos; os fios e tecidos passam a ser suas ferramentas de resistência a esse tempo pandêmico. O tecido que resgata memória, tecido e palavra como reinvenção e resgate das memórias da pele. O fio lhe nos seus processos atuais.  

Ana Paula Albuquerque – “essas linhas que vão e vem” “histórias de vida que se entrelaçam” – as imagens tecidas, as imagens bordadas, como lidar com nossas imagens internas, como criamos imagens externas. Fotografia e tramas como processo de cura.  

Cleuza – fiz agora! E, nos mostra uma mandala na sala. Cleuza é poetisa. Cleuza vive em reflexotramas. Aceita o rebuliço dos seus tecitarmentos. Acho péssima ideia de tecer no arame. Entretanto, permitiu o contato da molecucitura, experimentou tecitarmentos da ação... hoje, nos trouxe paz com seu texto e nos brindou com linda troca de conhecimento e afeto. Simples e direta, poeta.  

Manu Ebert – “senta que lá vem bordado”. Eita” que babado! Que coisa mais linda. Olha isso.  

Aspas, o fio transformador, o fio contador de história, as tramas como nova profissão.  "Tramas-etc".  

Voltando a Manu Ebert, ela nos provoca com suas próprias reinvenções e como tem dado voltas e nós pelo mundo a partir de suas oficinas.  

(Me chama atenção que tanto Ebert quanto Tiide passaram por transformações de carreiras semelhantes, isto é, novas formas de vida através do tecido manual social e coletivo.)  

Dani, vixe não anotei sobrenome dela (me perdoe), depois vou rever vídeo do encontro. Dani nos traz “bonecas de cura”. (Chega de máquinas e órgãos que aprisionam gerações e gerações). Assim como Ebert, Dani é contadora de histórias. Trabalha com memórias e terapia, que nascem das experiências sensíveis de sua subjetividade tramada (pura reflexotrama em pelo tramarbolismo, não esqueçam!) Apresentou o conceito da “biodecodificação”.  

Eu não conhecia e fui pesquisar aqui rapidamente. Biodecodificação “é uma proposta de cura totalmente natural e inovadora. É também conhecido como “bioneuroemoção”. Trata-se de usar um método totalmente eficaz para poder recuperar a saúde independentemente do desconforto que possa surgir”.  

arte Silviane Lopes

Amores, bom demais isso.

Três horas voaram. Maria Roseni não conseguiu falar, não ouvíamos sua voz por problemas técnicos. Algumas pessoas precisaram sair da sala mais cedo e deixaram lindos recados no chat. Aliás o chat estava uma festa a parte. Não revi vídeo, São 13:43 do sábado, dia 12 de junho. Essa narrativa acima é de memória e pequenas notas que fui tomando durante a primeira Reflexotrama coletiva.

Meu Júpiter natal está em aquário. Mesmo em tempos pandêmicos é possível promover encontros seguros. Trocas de afeto. Porque Júpiter em aquário me orienta viver no coletivo, para o coletivo. Acabei de receber mensagem da minha irmã Lucimar, ela me escreve: “você conseguiu deixar as pessoas à vontade e conseguiu valorizar cada uma de forma natural”. Lucimar achou uma troca de experiências bem interessante e continua “provando que não existe idade para começar um dom que se tem” e não se sabe, ou que se deixa largado pelos cantos, acomodados na não ação. Depois recebi novas mensagens nas redes sociais da Cleusa, Bolini, só para citar. Rossana recebeu também tantas outras. Na segunda 14, Rossana, Silviane e eu voltamos a nos reunir para tramarbolismo os tecitarmentos gerados durante ação Reflexotramas. Ainda impactados de tanta lindeza que foi nos reunir para essa “escutatória” como nos lembrou a linda Cleuza. Obrigado Solange Soares pela atenção linda no sábado e primeiro olhar para o texto. Muito obrigado, Rossana Cilento e Silviane Lopes, pelo apoio, suporte e afeto para realização da primeira Reflexotrama coletiva. Obrigado, Gabi, da @arvoressencia, pelo zoom partilhado. Principalmente, obrigado a todos os presentes. 

 

Próximo dia 02 de julho vamos nos reunir novamente. Ficou nítido que a poesia quer ser lida, dita, cantada, tramada. Luxo!


Recebido por email pós live

"É com imenso prazer que recebemos essa devolutiva sobre o primeiro encontro Reflexotramas, coordenado por Alexandre Heberte, Silviane Lopes e Rossana Cilento. Há um ano  e três meses temos atravessado a pandemia e todo o contexto brasileiro, fortalecidos pelos laços fraternos e dando volta ao mundo entre fios e tramas, tecidas dentro e fora do "Planeta Teia". O encontro é um passo gigantesco, enquanto grupo pesquisador desse corpo-tecelão: tramamos, tecemos, refletimos sobre o tecido que cada nó que dá volta ao mundo se transforma num único tecido, rico pela diversidade de cada corpo que fala nos seus respectivos territórios. 
O fio está solto. livre para desenhar cada experiência . criando novas fiações, narrativas em formato de tramas têxteis ,  poesias , canções,  ou seja em qualquer outra linguagem que o  fio de cada um de nós  possa conduzir. 
Bjs no coração"
Gloria Correia
Insta: @gloriacoreeiaoficial 
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Adorei! 
"Subjetividade do sensível"
Gratidão! 💗

Ruth Peralta

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Bom dia para tod@s!

Que bom receber este texto tecido por tantas "mãos" palavras unido por um fio unico da curiosidade e vontade de aprender e partilhar.

Realizaremos muitas tramações!

Abraços bordados virtuais .

Parísina Éris Ilíade Tameirão Ribeiro
Professora de Artes / Artista Visual -Têxtil/ Mestra Bordadeira, Pesquisadora e Conselheira de Cultura




[1] https://youtu.be/iLYGbXewyxs (Descolonizando o Conhecimento)

[2] http://www.jaideresbell.com.br/site/2020/08/09/auto-decolonizacao-uma-pesquisa-pessoal-no-alem-coletivo/

Um comentário:

  1. Que venham muitos encontros com dialogos-fios , costuras e tramas que nos transportam , nos elevam, nos contagiam...Gratidão ao Alexandre, Rossana e Silviane, e a todos os participantes . Ansiosa pelos próximoss encontros!!

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Obrigado pela visita.